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Foto do escritorDavi Simões

O Trabalho Duro de Quem “só estuda”

Vi pelas redes este artigo listando estudos que apontam que mais de 40 horas de trabalho semanal são danosos à saúde e contraproducente para os resultados.

Um estudante, seguindo a grade normal, passa pelo menos 25 horas semanais em aula (em geral, é mais). Para estudar em casa o equivalente a uma hora de estudo por hora de aula, já se vão 50 horas – o que não costuma ser suficiente, já que há trabalhos e listas que, sozinhos, tomam mais de dez horas, e boa parte dos professores acha que sua disciplina é especial.


Se for universitário e bolsista, some as 20 horas semanais habituais da legislação, e temos uma pessoa com 70 horas semanais de trabalho, considerada como alguém que “só estuda”. Vale lembrar que a maior parte das bolsas exige dedicação exclusiva, então são 70 horas de trabalho a R$400 obrigatoriamente. E agora temos projetos de lei tentando obrigar bolsistas a também cooperarem em escolas públicas, já que bolsistas são considerados sangue-sugas de impostos por uma parcela grande da população.

Aí fica mais claro porque é que estudantes procuram tanto por “como gerenciar o tempo” e coisas do tipo. Na maioria dos casos, não é que sejam incompetentes no gerenciamento, é que precisam cumprir uma carga horária desumana se quiserem seguir o planejamento normal, além de encarar o status social (depressivo) de estar “só estudando”. Some-se a pressão em conseguir boas notas e resultados e fica também óbvio porque a taxa de problemas como depressão e crises de ansiedade é tão alta em estudantes de pós-graduação.

Não estou advogando por muita coisa, apenas pela mudança na forma como estudantes são enxergados (desde ensino básico até pós-graduação). A mentalidade geral dos brasileiros ainda é de encarar a educação como perda de tempo e dinheiro, ou como um mero estágio intermediário entre a infância e o mercado de trabalho. E isso acaba se refletindo diretamente em como educação e pesquisa são tratadas politicamente, retroalimentando um ciclo interminável de desvalorização da atividade intelectual no país.

Isso gera um milhão de consequências sociais, econômicas e tecnológicas que, no momento, tomaria muito tempo listar e só tornaria esse textão mais textão ainda. Mas fiquem à vontade pra acrescentar estatísticas, pontos e contrapontos nos comentários. Talvez eu faça um apanhado e lance mais um vídeo a respeito do assunto, porque, pra mim, é um dos problemas mais urgentes do Brasil, mesmo considerando toda a crise política atual.

O vídeo em que já pincelei o assunto é este:


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