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  • Foto do escritorDavi Simões

Sobre os “verdadeiros problemas” do Brasil

Vi essa imagem por aí.

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– desigualdade de gênero é um ponto essencial na discussão da saúde pública, onde tem candidato (de mentalidade machista) querendo suspender leis que dão atendimento gratuito a mulheres vítimas de violência;

– as desigualdades sociais tem relação direta com a as classes étnicas no Brasil;

– a corrupção atinge diretamente todas as classes da sociedade e em especial as menos representadas – como os indígenas, que não tem representação significativa no congresso e com isso perdem direitos por conta de bancadas como a ruralista e a da bala, formadas por deputados financiados por grandes empresas do agronegócio, da exploração mineral e outras;

– a educação tem sido minada por projetos como o “escola sem partido” e a reforma do ensino médio, que limitam cada vez mais a autonomia dos professores dentro de sala de aula por questões ideológicas (machismo, religião, interesse de grupos econômicos específicos…) daqueles que escrevem os projetos;

– a educação também sofre com os cortes feitos por políticos que colocam o desenvolvimento de empresas acima do desenvolvimento da educação, ciência e cultura do país;

– a maioria dos casos de violência sexual se dá dentro de casa, e em quase metade é um familiar – incluindo pais e irmãos, logo restringir a discussão destes assuntos à casa é deixar que a vítima se queixe para o abusador;

– se você acha que deve aprender valores na escola (e nesse ponto concordamos), preciso te informar que há legisladores usando a palavra “ideologia de gênero” pra impedir a educação sexual nas escolas (que costuma ser a responsável por desmascarar abusadores que moram dentro da casa da própria criança que sofre abuso). O presidente é um dos que pode impedir que esses projetos de lei entrem em vigor, ou ser o facilitador desse processo.

Todas essas questões são diretamente vinculadas ao que o autor dessa imagem chama de “problemas de verdade” (educação, saúde, corrupção, violência, desemprego).

Essas questões (machismo, racismo, feminismo, homofobia, xenofobia contra indígenas e outros povos) são tão importantes quanto “a economia” (e eu argumentaria que são inclusive mais importantes); porque uma boa economia não significa necessariamente um bom retorno em qualidade de vida para a população, se não tivermos representantes que se ocupem das diversas faces dessa sociedade.

Um país pode ser extremamente rico e ter um povo miserável – basta ver países ricos no oriente médio que tem petróleo com lucros exorbitantes na mão de poucos milionários, enquanto fora de seus palácios mulheres sequer podem sair sozinhas na rua, podem ser condenadas a apedrejamento por adultério ou estupro coletivo por não obedecer uma lei religiosa; países com economia “saudável” (de um ponto de vista mercadológico) onde homossexuais são condenados à morte apenas por serem homossexuais.

Essas não são questões indissociáveis, e o presidente exerce papel importantíssimo na tramitação de projetos que favorecem ou pioram a vida da população e, em especial, dos menos beneficiados (mulheres, negros, indígenas, homossexuais, os mais pobres, etc.).

É sim importantíssimo, por isso tudo, que escolhamos melhor nossos deputados e senadores. São eles que propõe, votam e barram projetos de lei. São eles que, em conjunto, podem modificar ou impedir a modificação da Constituição – o dispositivo jurídico mais importante de nossa democracia. São eles que podem prejudicar populações inteiras se não houver diversidade ideológica suficiente pra representar as múltiplas identidades do povo brasileiro – como tem acontecido desde 2015, quando elegemos o congresso mais conservador desde a reabertura de nossa democracia.

Porém, o presidente não é menos relevante nestes aspectos.

Presidente pode vetar projeito de lei e assim dificultar sua reaprovação por parte do congresso (devido à necessidade de maioria qualificada no voto uma vez que o presidente vetou); presidente pode conceder indultos (os famosos “perdões presidenciais”); presidente pode estabelecer decretos, que são dispositivos com força de lei que visam suprir temporariamente uma deficiência das leis atuais; presidente concede verbas pra emendas parlamentares de forma a influenciar decisões do congresso (Temer tem feito isso a torto e a direito desde que assumiu, cortando verbas de educação e ciência pra usar como moeda de influência no congresso); e tantas coisas mais.

Suas prioridades em relação a grupos sociais importam e MUITO, sua bagagem política e seus atos ao longo de sua vida política importam e MUITO; seus discursos a respeito de minorias e diferentes classes sociais e étnicas importa e MUITO; suas afirmações a respeito de fatos históricos e da ditadura que houve no Brasil importa e MUITO.

Um presidente não é só uma calculadorinha de orçamentos, mas sim um líder e ícone importantíssimo nos rumos de uma democracia – incluindo seu fim, caso o presidente aprove as práticas desumanas de regimes autoritários que já passaram pelo país que pretende governar.

Assim, achei relevante corrigir a imagem:

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